18.4.18

Diário de Bordos - Lisboa, 18-04-2018

A caminho de casa comprei um Baga: Ataíde Simões. Não é espectacular. Gosto de castas difíceis, como de pessoas, de resto: Baga, Jaen, Alfrocheiro (das pessoas não digo o nome. São muitas, esqueceria metade e de qualquer forma não gosto de citar nomes neste blog. Estar associado a mim não é propriamente uma condecoração). A este falta-lhe o passe de mágica de Luís Pato, ou o da filha. Mas acompanhou bem as favas, hoje estavam melhores do que ontem - poderia dizer "ainda melhores": cozinhar aceita faltas de modéstia -. Enquanto jantava ouvia Brahms. Nunca gostei muito da música do século XIX, mas ando cada vez mais inseguro de gostos (excepto os referentes às pessoas, claro. E aos vinhos).

O jantar foi bom e tranquilo. Pensava no livro de Josep Pla que estou a ler (Viagem de Autocarro) e se um dia escrever um livro de viagens não será muito diferente: todas as viagens são interiores, todas são reminiscências mesmo quando vamos pela primeira vez a um sítio (o que não é o caso do livro).

Teria preferido Rachmaninoff, Hildegard, Mahler? Outro vinho? Outra coisa em que pensar? Não. Descobrir é um prazer em si, qualquer que seja o resultado da descoberta. Destruir os nossos próprios preconceitos e substitui-los por outros dá tanto prazer como confirmá-los.

Abençoadas favas.

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